Curioso pensar como alguns locais guardam memórias. No
momento, estou sentada num banco sozinha na Praça Coronel Pedro Osório. O dia
está quente e ventoso, não exatamente o melhor tempo possível.
Esta praça foi palco de diversos romances meus. Nesse mesmo
lugar (não especificamente neste banco) dei beijos e abraços, tive começos e
términos, vi corações felizes e partidos (tanto o meu quanto os deles), me vi
apaixonada e desencantada.
Nada é mais natural que isso, imagino. É comum ver casais
nesta praça, com seus sentimentos e desejos expostos para todo mundo ver. Agora
mesmo, a alguns metros de distância bem na minha frente, é possível ver um
casal. Dois, na verdade. Em ambos os casos, o homem está com o braço ao redor
da mulher, abraçando-a, mas as moças esboçam diferentes reações. Enquanto a da
esquerda me parece feliz, normal, a da direita está de braços cruzados,
aparentando estar insatisfeita com algo ou alguém (sinto um pouco de pena de
seu parceiro).
Este chão não vive apenas de romances, é claro. Amizades
podem ser vistas aqui, famílias, brigas, histórias, cachorros, entre outras
coisas. Me dói pensar que tem gente que não valoriza esse espaço, cenário ideal
da vida. Há algumas semanas mesmo, o chão perto do chafariz foi pichado, algo
foi escrito em vermelho, deixando o lugar feio. Ainda bem que a prefeitura
tentou consertar o estrago em seguida.
Não sei porquê, mas sempre gostei de falar de amor,
especialmente dos meus amores. Muita gente fica constrangida, prefere enterrar
no passado, fingir que não aconteceu. Eu não sou assim. Acredito que meus
relacionamentos fazem parte de quem sou, aprendi tanto com os que deram certo
quanto com os que deram errado (na verdade, aprendi principalmente com estes
últimos). Gostar ensina, sentir dor ensina.
Eu só espero duas coisas nessa tarde: que a minha geração não
passe a desacreditar no amor e que o dia seja bom. Afinal, hoje mesmo vou
encontrar alguém especial. Quem sabe quanto tempo irá durar?