7 de janeiro de 2015

Palavrões, etc.

Só eu que acho que, às vezes, o que falamos é levado a sério demais?
Por exemplo: eu sou ateia, mas durante muito tempo "acreditei" em deus, e por causa disso comecei a ter o hábito de falar expressões banais como "Nossa Senhora!" ou "Ai meu Deus!" ou "Pelo amor de Deus". Já que velhos hábitos custam a morrer, é difícil pra mim parar de falar isso, e por causa dessas palavras as pessoas têm mania de achar que sou crente. Gente, eu posso afirmar que sou muitas coisas, mas me recuso a ter qualquer ligação com religião.
Outro exemplo: modo de falar. Quem nunca sofreu num dia de calor e falou algo bobo como "Que vontade de ficar sem roupas", ou quem nunca passou o dia com preguiça e disse "Vontade de sair pra rua de pijama". Pequenas bobagens assim às vezes são interpretadas como algo totalmente verdadeiro, o que é irritante, pois é só um tipo de exagero.  
Mais um: palavrões. Caralho, como é bom falar palavrão, minha alma fica mais leve toda santa vez que falo um. O chato é que além de isso ser considerado algo "mal educado", ainda tem a merda do machismo envolvido: "GURIA NÃO FALA PALAVRÃO, É FEIO!"
Por que isso? Por que os caras podem e as meninas não? Simples: porque durante anos a mulher foi uma pessoa completamente submissa aos homens, e ver ela tendo atitudes que homens têm ainda não é muito bem visto por certas pessoas (bossais, na minha opinião). Eu não sou menos mulher porque xinguei alguém de filho da puta ou qualquer coisa parecida, pelo contrário. 
Palavrão é algo tão... libertador. Bater o dedinho numa mesa, deixar uma bebida quente cair no colo, faltar luz quando se está fazendo algo importante no computador... Nenhuma dessas situações dá pra desabafar com um "PUXA! QUE CHATO!" (soa até meio besta, se parar pra pensar).
Não digo que devemos falar palavrão toda hora, até porque é meio irritante quando se está conversando com alguém e a cada 10 palavras que a pessoa solta, 11 são xingamentos. Só digo que não tem nada de errado em falar de vez em quando, tanto em horas de raiva quanto em uma conversa normal com um amigo. 
Sejamos menos caretas, falar palavrão não é crime. Falar também não é.

Concursos de Beleza Infantis

Um tema sobre o qual quero discorrer faz tempo são os famosos e superestimados concursos de beleza, mas não os concursos normais, em que modelos com seus 18 anos de idade estão desfilando, e sim aqueles em que as modelos são crianças. Sim, aqueles em que as pequenas garotinhas que nem sequer completaram 10 anos de idade participam.
Para início de conversa, não sou a favor desse tipo de competição. É machista e muitas modelos acabam machucando a si mesmas por causa da pressão para serem "perfeitas". Pode até ser interessante olhar o Miss Universo de vez em quando, mas se pararmos pra refletir sobre o que o programa significa, chegaremos a conclusão de que o mundo é um lugar que estima a beleza mais do que muitos outros valores, como inteligência, compaixão, tudo.
Mas deixemos as moças maiores de idade (ou quase) de lado no momento, meu foco está nas pequeninas e extremamente influenciáveis garotinhas, cujas mães às apoiam. Eu acho isso o cúmulo do ridículo, pois assim a menina vai pensar desde pequena que a coisa mais importante do mundo não é você ser quem você é, e sim ser linda, ser gostosa, ser deusa, ser PERFEITA.
Maldita palavra essa, perfeição. O ser humano faz questão de sempre tentar atingir algo que não existe. 
O fato é: pra que fazer sua filha de 7 anos gastar um dinheirão em vestidos, maquiagem e cabeleireiro para que ela pareça mais bonita, talvez até mais velha? Eu não vejo o menor sentido nisso! É o mesmo que estimular uma menina a crescer e ser uma patricinha mimada que se acha melhor que os outros por ser bela (e convenhamos, tem muita modelo que se acha linda mas que na verdade é horrorosa).
Seria tão mais interessante estimular as crianças desde pequenas a respeitarem as diferenças umas das outras, não as robotizarem para agirem como nossa maldita sociedade egocêntrica e superficial pensa. Cada um é bonito do seu próprio jeito. O meu ponto é: pra que botar no mundo uma criança pra depois transformá-la em uma pessoa fútil e que não enxerga as coisas como elas realmente são? 
Assim nascem as Barbies, aquelas meninas populares e com quilos de maquiagem na cara que se acham melhores que todo mundo pois são bonitas (ou pensam que são, né). Isso não é beleza, isso é ser arrogante e infantil. 
É claro que há exceções: algumas meninas têm cérebro e o usam, não se tornam bonequinhas mimadas. Porém, a verdade é que a maioria quer impressionar, quer se sentir poderosa, quer sentir que todo mundo as ama, e por isso nascem essas pequenas modelos que no futuro serão duas coisas: ou modelos anoréxicas e desesperadas por atenção, ou patricinhas mimadas que pensam que a vida é um morango e que o mundo gira ao redor delas.
Não. Criem. Crianças. Assim.

P.S.: não mencionei os concursos de beleza masculinos porque não tenho muito conhecimento acerca do assunto, mas provavelmente vale pra eles o mesmo que disse sobre os concursos femininos.